Dois lados da percussão erudita puderam ser vistos na terceira noite do I Encontro Percussivo REC-PE. De um lado a experiência do primoroso percussionista Joaquim(zito) de Abreu. Do outro, a constante experimentação musical dos jovens do Grupo de Percussão da UFBA. Em ambos, notamos a dedicação, disciplina e amor à música que contagiou a todos.
O paulistano, Joaquim de Abreu, apresentou duas peças escritas especialmente para ele e outras duas que eram trechos de obras maiores. "Todas muito difíceis e belas", segundo o professor Rogério Wanderley. Zito, começou com "Cartas Celestes XI", de Almeida Prado, uma peça que encantou o público que o aplaudiu efusivamente.
E sua apresentação seguiu numa crescente, melhorando cada vez mais. "Memories of the Seashore", de Keiko Abe, e "Rebounds", para percussão solo - partes A e B, de Iannis Xenakis, chamaram a atenção dos presentes que quase não piscavam os olhos.
Para encerrar sua apresentação, outra música dedicada a ele, escrita por L. C. Csekö, a surpreendente "Canções dos Dias Vãos IV, obra de 2002. Obra que unia uma infinidade de instrumentos percussivos, tape pré-gravado e light design. Foi uma apresentação de gala, onde todos foram lançados para outra dimensão, cujo guia era a silhueta de Joaquim. Sensacional apresentação, que levantou a platéia.
A pergunta que vinha era como seria a apresentação do Grupo de Percussão da UFBA, do professor regente Jorge Sacramento. Mas os jovens baianos tinham um brilho próprio. As obras escolhidas, algumas de autores reconhecidos, como Mark Ford e Ney Rosauro, outras de autoria dos próprios alunos, que são constantemente instigados a produzirem obras que unam o popular ao erudito contemporâneo.
Foi um espetáculo à parte. Iniciaram com "Sturbenic", com uma vibração e energia que contagiou a platéia. Foi amor à primeira audição. Daí por diante, criou-se uma ligação entre os músicos e os presentes. O professor e gerente, Jorge Sacramento, aproveitava a arrumação dos instrumentos entre uma peça para outra para interagir com o público, contando a rica História do grupo, homenageando Ney Rosauro e Antonio Barreto, e contando a inspiração dos alunos para comporem novas obras.
Nesta leva de novas obras, destacamos a "Abertura Percussiva", do aluno Gilberto Santiago, inspirada nas raízes afro, e "Beijos Secos", do aluno Ataualba Meirelles, que demonstrou todo amor por sua filha. Assim, com novos talentos, a percussão vai se reinventando e lutando cada vez mais forte contra a música de mercado. E vai conquistando vitórias como a de ontem, quando foram muito aplaudidos em uma apresentação perfeita.
sábado, 12 de julho de 2008
Experiência e experimentação
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Um comentário:
Fiquei encantado com os espetáculos. Parabéns.
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